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sábado, 11 de dezembro de 2010

Mas e eu? O que eu senti?

Eu queria ter escrito esse texto segunda feira. Não deu. Estava cansado demais e com muito stress de provas na faculdade para expressar.

Acho que serei breve porém sincero ao descrever algumas coisas que eu senti naquele domingo 5 de dezembro de 2010.

Sendo sincero antes do jogo não estava tão nervoso quanto no jogo contra o Cruzeiro no Maracanã, o primeiro (e único) jogo que vi no Rio. Já tinha visto 3 Friburguense e Fluminense em Friburgo, e ficado de fora de um jogo (em 2009) mesmo com ingresso na mão. O jogo contra o Cruzeiro foi uma redenção espiritual. Naquele momento eu passei por um novo 'batismo', diria uma crisma, confirmando meus votos de tricolor que começaram no final da década de 90.

Quando criança eu odiava futebol. O motivo era (e ainda é algo que acontece) eu não conseguir, eu não saber jogar bola. Nenhum tipo de esporte que precise de qualquer habilidade motora.

Eu não lembro o dia que decidi ser tricolor. Isso foi entre os 6-8 anos. Nesse período eu entendi que não precisava saber para jogar. Aliais Armando Nogueira disse uma coisa parecida; “É um caso de amor não correspondido, as bolas, de um modo geral, vôlei, gude, basquete, sinuca, futebol, todas não corresponderam meu amor por elas”.

Mas comigo o amor surgiu com o tempo. A primeira lembrança que tenho do Flu, não é o gol de Renato em 95. Eu ainda odiava futebol. É de um lance com Roger contra o ABC na série C, burramente tomando um cartão amarelo por continuar a jogada após o juiz ter apitado.

Em em 98 minha festa de 7 anos foi coma camisa do Fluminense Branca da Adidas. A do rebaixamento de 98. E com meu avô querendo que eu fosse Vasco. Um super campeão da época, que venceu quase tudo. Enquanto o Flu chegava ao seu fundo do poço.

Eu escolhi o Fluminense.

Não sei porque. Simplesmente escolhi.

E domingo eu estava para ver com meu pai e meu irmão o grande momento até então como tricolor.
Fiquei nervoso. Uma frase passava voando pela minha cabeça: "E se esse gol não sair?" Eu tratava de espantar da minha mente, pensando: "Me preocupo com isso mais pra frente, no fim do segundo tempo". Funcionou.

Eu estava nervoso, mas muito mais calmo que na Sulamericana de 2009, Libertadores de 2008, do que na Copa do Brasil de 2007...

Era o dia.

E quando o gol saiu, eu chorei. Eu tenho orgulho de dizer que aprendi a chorar. Não guardas as emoções, não me matar por dentro. Eu chorei... E talvez as lágrimas fossem de alegria misturadas com alívio. Mas eu não sei. Abracei meu pai, meu irmão... E daquele momento até o fim do jogo o medo flertava com a alegria...

E no fim. Mais lágrimas rolaram. Eu lembrei do meu pai falando onde ele estava no jogo de 84. No do gol do Romerito. Quando ele tinha minha idade, 19 anos, a 26 anos quando conheceu minha que tinha 15, a idade do meu irmão.

Acho que minha alma já sabia esse desfecho de coincidências e conseguiu me aquetar o espirito.

Espero derramar mais lágrimas de alegria no próximo ano que está por vir.
Seremos, mais ainda, Campeões.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Do caos para liderança


Em 1958 Nelson Rodrigues antecipava (aparentemente) sem quer um dos lances mais fantásticos da história do Fluminense.
Ao falar sobre o técnico do Brasil, o gordo Feola, disse: "há uma relação, mas indiscutível, entre a barriga e o êxito, entre a barriga e a glória".

A frase parecia estar escrita para o que 38 anos depois aconteceria: O gol de barriga de Renato Gaúcho, no ano do centenário do Flamengo.

Mas Nelson realmente é profético mesmo 30 anos depois de deixar esse plano. Em 1969, ao vencer o Flamengo na final do Campeonato Carioca, Nelson escreveu... Ou profetizou...

Acreditem: — o Fluminense começou a ser campeão muito antes. Sim, quando saiu do caos para a liderança. “Do caos para a liderança”, repito, foi a nossa viagem maravilhosa. Lembro-me do primeiro domingo em que ficamos sozinhos na ponta. As esquinas e os botecos faziam a piada cruel: — “Líder por uma semana”. Daí para a frente, o Fluminense era sempre o líder por uma semana.

Olhem para trás. Da rodada inaugural até ontem, não houve time mais regular, mais constante, de uma batida mais harmoniosa. Mas foi engraçado: — por muito tempo, ninguém acreditou no Fluminense, ninguém.

Olhai. Foi o que aconteceu. Não foi apenas um caos. Foram vários. Em 99 o fundo do poço. Em 2009 a superação que Nelson parecia ter previsto.

Eu estava no Fluminense 1 x 0 Cruzeiro dentro do Maracanã, quando o tricolor foi e pisou pela primeira vez a liderança. Eu vi, e ali enxerguei que sim, a liderança poderia balançar mas cairia em nossas mãos.

Mas hoje, ah, hoje Nelson confirmou o que anjos do futebol sussurraram em sua maquina de escrever após o triunfo de 69: "Passamos toda a jornada com um passarinho em cada ombro e as duras e feias sandálias nos pés. Mas o Fluminense é o campeão."

Que assim seja sempre. Mesmo que as custas da minhas e das lagrimas de muitos tricolores!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O último passo de pés no chão


Não, não quero ouvir nada que já sacramentou o título.

Hoje quando todos esperavam um jogo fácil, numa falha, logo de Leandro Euzébio, um dos 3 melhores zagueiros do campeonato, a bola sobrou para Dinei que meteu um chute fantástico e inesperado.

A tensão que perdurou por todo o jogo foi intensa até os 14 minutos. Antes Carlinhos isolou a bola por cima do gol de Deola.

Logo na finalização seguinte um gol. Uma pancada que parecia ter a precisão e força das 11 mil pessoas que lá estavam.

A pressão então tomou conta. Ainda pior que domingo passado? Não sei. Senti muito nervoso a cada bola, e creio que todo tricolor se sentiu assim.

Fred perdeu chances... A ansiedade parece que tomou conta do time... As 31 Deco se machuca e então entra Tartá, que pra não perder o costume tomou outro cartão, e está (de novo) suspenso. É inexperiente nesse ponto, por jogar no ataque acaba fazendo faltas bobas.

Mas quem diria que ele privado de jogar a 'final' de domingo seria o grande herói da partida?

Talvez de relance tenha passado pela mente de alguém que o gol da vitória ser dele. Mas logo afastado pela burra lógica que temos de pensar apenas pelo que parece mais óbvio.

Mas o óbvio na verdade é aquilo que acontece. Só o mais sábio pode enxergar o óbvio: óbvio que o destino quis Deco de novo fora, quis que Tartá fizesse o gol, e quis que e ele tomasse mais um cartão.

Pois o óbvio viu que naquele momento só o menino Tartá tinha a calma para ajeitar a bola e coloca-la com total sutileza ao fundo da rede.

Depois disso o jogo acabou. Não literalmente pois mais de 15 minutos de jogo ainda vinham pela frente. Foi ai que o medo dominou a todos.

Medo dos tricolores de atacar, tomar um contra-ataque, e levar um gol.

Medo dos palmeirenses de atacar, fazer um gol, e ser destroçado pela torcida fanática após o jogo e durante toda a vida.

O medo acabou com o jogo... Uma espera angustiante até os acréscimos aonde a torcida cantou aquilo que se espera a 26 anos... Está chegando a hora...

Mas que fique claro. Do alto da história do Fluminense, o bom e verdadeiro tricolor, se mantém humilde de pés descalços, ou com uma simples e dura sandálias... Pois assim que caminhamos até o domingo passado... Assim caminharemos até domingo que vem, para calçar as chuteiras imortais de ouro.